Xi Jinping deve antecipar no Congresso tom político de encontros no Brasil
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Marcos Magalhães
Dilma Rousseff e Xi Jinping em reunião bilateral durante cúpula do G20 na Rússia, em 2013
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Ao subir à tribuna da Câmara dos Deputados em sessão solene do Congresso Nacional, na quarta-feira (16), o presidente da República Popular da China, Xi Jinping, disporá dos primeiros vinte minutos de sua visita oficial para definir o que espera do já intenso relacionamento bilateral. Ele deverá antecipar nesse momento o tom político dos encontros que terá nos dois dias seguintes com as autoridades brasileiras.
Xi Jinping chegará a Brasília depois de participar dos dois primeiros dias da 6ª Reunião de Cúpula dos Bric – grupo composto por África do Sul, Brasil, Índia e Rússia, além da própria China. Será já na capital brasileira o último dia da cúpula, onde os países do bloco pretendem anunciar o estabelecimento de um fundo de contingência para socorrer integrantes do grupo em necessidade e a criação do Banco do Brics, com capital inicial de US$ 50 bilhões e destinado principalmente a investimentos de infraestrutura.
A infraestrutura será, de fato, um do
s temas principais da visita de Estado de Xi Jinping ao Brasil. O governo brasileiro pretende atrair empresas chinesas para participar dos próximos leilões de concessões de ferrovias, como a primeira parte da Ferrovia Transcontinental, nos estados de Goiás e Mato Grosso. Por sua vez, empresas chinesas já demonstraram interesse em discutir a construção de outra ferrovia, ligando o porto de Itaqui, no Maranhão, aos portos peruanos da costa do Oceano Pacífico.
Em abril, durante visita ao Brasil, o ministro de Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, disse que o país tem interesse em investir em vários setores de infraestrutura, como ferrovias, hidrovias e energia elétrica. Informou ainda, segundo reportagem da Agência Brasil, que, dos mais de US$ 90 bilhões de investimentos chineses no exterior em 2013, apenas US$ 16,5 bilhões foram direcionados à América Latina e ao Caribe. A China teria ainda interesse em ampliar suas importações de petróleo e gás da região. A visita de Xi Jinping, na opinião de Wang, se tornará um “novo marco” nas relações bilaterais.
Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial e principal destino das exportações brasileiras. A partir de 2012, passou ainda a ser a principal origem das importações nacionais. No ano de 2012, o superávit brasileiro com a China, de US$ 7 bilhões, foi equivalente a 35,9% do superávit total com o mundo todo.
As exportações brasileiras para a China em 2013 foram de US$ 46 bilhões, com aumento de 11,6% em relação ao ano anterior. As importações brasileiras foram de US$ 37,3 bilhões. Nos cinco primeiros meses de 2014, as vendas brasileiras já alcançaram US$ 19 bilhões, enquanto as importações foram de US$ 15,7 bilhões.
As exportações brasileiras, porém, continuam concentradas em produtos básicos. Dos US$ 19 bilhões vendidos à China de janeiro a maio, nada menos que US$ 16,8 bilhões foram de produtos básicos, como grãos e minérios. Esse é um dos desequilíbrios na relação bilateral que o governo brasileiro deverá incluir na agenda das discussões entre os dois países.
Durante uma das últimas reuniões da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), em 2012, a delegação brasileira reiterou o interesse na diversificação das exportações nacionais para a China, com maior participação de produtos de maior valor agregado como os aviões da Embraer. Os representantes chineses, por sua vez, defenderam a crescente utilização de moedas nacionais dos dois países nas trocas bilaterais.
Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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