Brasil poderá ter déficit de Petróleo em 2030
14/04/2016 21:28 - Geraldo Lélis, da Folha de Pernambuco
Agência Petrobras
De acordo com a diretora-geral do órgão, Magda Chambriard, serão necessários investimentos pesados, ou em logística ou na conclusão da refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, além da instalação de outras duas usinas. “Se tivermos dez anos de crescimento moderado, vamos ter questões importantes para enfrentar no mercado de combustíveis", afirmou.
De acordo com o estudo, o Brasil tem hoje uma capacidade instalada para produzir 2,5 milhões de barris por dia (bpd) e deverá chegar a aproximadamente 2,75 milhões de bpd em 2030 com a conclusão da Abreu e Lima e do Comperj.
Na área da logística, a alternativa é investir em dutos e terminais de importação, com a instituição de estoques estratégicos. Se a opção for mesmo pela importação, serão necessários investimentos em ampliação da capacidade dos portos que já atuam com combustíveis, como Suape - em Pernambuco -, São Sebastião e Santos (SP) e Itaqui (MA), e construção de novos terminais nos portos de Vila do Conde (PA), Pecém (CE) e São Francisco do Sul (SC).
Caso o Governo Federal e os investidores escolham investir nas refinarias, a ANP defende que uma unidade seja instalada no Maranhão, para abastecer o Nordeste, e outra na região do Triângulo Mineiro, para abastecer o Centro-Oeste e parte do Sudeste, além da conclusão da refinaria Abreu e Lima e do Comperj. O estudo afirma que, com este cenário, as regiões Norte e Nordeste estariam autossuficientes em combustíveis.
Para o especialista em petróleo e gás Wellington Santos, é melhor optar pelas refinarias. "Não é que seria mais fácil; é mais lógico. Se houver investimento pesado nos portos, quer dizer que o País vai ficar dependente do que chega de fora, abandonando o projeto de refino", explicou.
No entanto, ele ressaltou que é preciso haver uma divisão entre os modais de transporte. "Nosso modal é totalmente rodoviário, e isso deixa o consumo de hidrocarboneto alto. A nossa grande logística é rodoviária. As pessoas não viajam de trem, só de ônibus e avião, ambos utilizam combustíveis fósseis", completou.
Conclusão do Comperj e da Rnest enfrentam desafios
Sobrepreços e adiamentos marcam as duas principais plantas de refino da Petrobras em construção no País - o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), no Rio de Janeiro, e a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Suape - ambas no centro das investigações da Operação Lava Jato. Em março deste ano, o início da operação do Comperj foi novamente adiado, dessa vez para 2023. A justificativa da petrolífera foi a dificuldade em encontrar um sócio para o projeto, cujo investimento já chega a US$ 14 bilhões.
No caso da Rnest, dez anos após o lançamento de sua pedra fundamental, o empreendimento ainda opera com capacidade reduzida na sua primeira etapa de refino. Desde o início do projeto, os custos iniciais da Abreu e Lima passaram de US$ 2,5 bilhões para uma estimativa de cerca de US$ 20 bilhões, atualmente.
O chamado Trem 1 processa apenas 100 mil barris de petróleo por dia (a capacidade total seria de 115 mil). Já o segundo trem ficará pronto apenas em 2019. Para atingir sua capacidade total de refino, de 230 mil barris/dia, a Petrobras precisa concluir a Unidade de Abatimento de Emissão (Snox), por exigência da licença operacional emitida pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). A licitação para contratação da empresa que vai tocar a obra está em curso. A previsão é que essa etapa seja concluída até julho deste ano.
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